
Ardeu a esperança
A viola maltratada
Pelos dedos violada
Perdeu-se pela cidade
Tomou por amante o fado
Sem qualquer outro cuidado
Passou a chorar saudade
Não sei bem se recordava
A música ou a palavra
Se o seu amor, derradeiro
Acompanhou os fadistas
De alma e os bairristas
Em um fado sorrateiro
Nas vielas da Alfama
Com o tempo ganhou fama
Diziam já nas esquinas
Instrumento do demónio
Desvirtua o matrimónio
E dá asas as meninas
A viola de madeira
Fora sempre a mais solteira
Pregaram-lhe um dia fogo
E o negro da solidão
Invadiu a multidão
Perdeu-se a alma do povo.
CT
Mondeville
23/11/08
1 comentário:
Um novo ano pleno de saúde e alegria.
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