terça-feira, 3 de março de 2009

Sonhei Lisboa

Pretendi poder mudar a serra
de sítio
pois ali bem não ficava
mas a serra se agarrava
como vento às velas do navio

Era bom acreditar no sonho meu
era bom deixar a brisa me levar
como vela
em tempestade, ao rasgar
também eu
sonhos de papel
vim queimar

Era Agosto, ardia o monte
queimava a vida
era verão e as labaredas assobiavam
era verão
e calor sonhos queimava
como queima em Fevereiro o agreste frio

Vinha para amar
era o destino
era o fado
que de mansinho me empurrava
era Lisboa
era o Tejo que esperava
passeando vaidoso como um rio

Cheguei
mas o destino é vadio
por vezes
esquece a sina e perde a fé
e Lisboa a fadista,
que arrepio...
esqueceu ao que vinha e deu ao pé

Fiquei
perdido
ali fiquei
no deserto cais
enquanto a distância ia aumentando
do barco já nem se via nem a vela
virei-me para ao mar
e fui amando

Carlos Tronco
Lisboa
09-08-05

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