Acrescentar à letra cor, partilhar da alma o etéreo, mostrar da mão os calos, caminhar, ao lado, em silêncio.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Alla cappella!
É no silêncio que a saudade pesa
E o peso o que mais a alma lesa
A solidão a companheira desta vida
Um dia nascemos e depois
É tempo de viver a vida, a dois
E logo chega a hora da partida...
Viúvo, de negro luto, estou vestido
É grande para um só ser, o sobretudo
Ao avançar varro as lajes dos caminhos
Feitos pela mão de um Deus antigo
Quase humanos, frágeis, eis o perigo
Um dia termos de avançar sozinhos.
Pensei; estrelas há muitas nesse céu
Brilhantes ou cobertas por um véu
Mas esses astros intocáveis, são distantes
Em vez de cometa, estrela ou mesmo lua
Lembrança apenas quis, guardar a tua
Seguindo a minha sina como dantes.
Outrora até me chamaram vadio
Recordo mas sentindo um arrepio
A voz foi o melhor que o céu me deu
As cordas já não vibram; estou cansado
Assim cantava à toa o Senhor Fado
No dia em que a Guitarra faleceu.
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