Poesia de primeira água
É cristalina não lava
As mágoas do coração
Alguém diz e com palavras
Outras vezes diz com nadas
Tudo para a alma é vão
A água como a mulher
À primeira quando quer
Nem sempre acerta está claro
Corre livre como o vento
Procurando o seu alento
No amor: um metal raro
A água que já foi chuva
Quando enfurece derruba
Por vezes diz-se é da cheia
Talvez chegue o lindo dia
Que o sol seja poesia
Para o amor uma estreia
Nesse momento profundo
Da ressurreição deste mundo
Há-de um poeta acordar
Cada canhão transformado
Em um piano; o teclado
Transformado num altar
Poesia de primeira água
Apagará toda a mágoa
Com um ligeiro tocar
E a alma estremecendo
Serena, então vai ouvindo
Do outro lado do mar
Não o cântico da sereia
Que prende como uma teia
Mas o coro dos escravos
Partidas as suas correntes
Mostram agora os dentes
As flores que levam são cravos
Carlos Tronco
Mondeville
11/01/07
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