
A água ia correndo
devagar
sem rumo certo
sabendo apenas
que chegando
se tornaria mais salgada.
A ponte, impávida
por ali ficara
a ver correr águas,
depois de águas.
Unidos por uma só
e mesma sina,
ali se tinham encontrado.
Oposição de posturas:
Uma corrente,
lá ia, sem dar conta
atrás da vida
enquanto a outra
mais pacata,
esperava a morte.
No entanto,
partilhavam um só e único
destino:
quando morresse a ponte
o rio perderia o seu mais fiel
admirador
e não tendo
quem o contemplasse
noite e dia
correria louco
afogar-se
no salgado mar
do esquecimento.
Carlos Tronco
Mondeville
23/05/06