quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Uma estrela apenas
A luz
Um cheiro de lavanda
De sul
De vida
De areia, de mar

Um sol.
Um sol
Da primeira alvorada
Uma estrela da madrugada
Uma luz de candeia
De azeite
De terra quente
O sonho que solda
O rir
A felicidade
De um primeiro beijo
Dado sem saber
Naturalmente
Como o primeiro
Dado pelo sol
À lua
Uma espécie de estrela
Redonda
De tanto acariciada
De tanto desejada

Beijada pelo sol
Perfumada desde cedo
Tentando aprender a voar
Erguendo-se
Com dificuldade
Das manhãs de inverno
Quando o frio das geadas
Amarra a alma
À horizontal planície
Como prece longínqua

A estrela do pastor
Então Vénus
Braço após dedo
Vagarosamente
A coragem
Acaba por vencer
As trevas
Para que enfim
O milagre do dia
Aconteça
E que o azul seja a assinatura
Do amor celestial

Carlos Tronco
Imagino
Sei
que as minhas mãos
nada mais provocam
em ti
que arrepios.
Sobretudo,
quando
beijando a tua nuca,
deixo escorregar
as minhas mãos
da ponta dos teus seios
até ao redondo
das tuas ancas.
Imagino aquele deus
amassando barro.
Imagino,
pois escrever
não sei.
Carlos Tronco
Mondeville
09/02/10