Acrescentar à letra cor, partilhar da alma o etéreo, mostrar da mão os calos, caminhar, ao lado, em silêncio.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Noites de inverno
Na minha rua, quando o vento é tão duro que torna o branco puro...
Quando a esperança é corroída pela espera
Que nada mais que desilusão colore o espaço
Que nem o perfume suave da primavera
Tempera a falta de carinho do teu braço
Passado a volta dos ombros meus
Como quem diz amigo, estou aqui
Apenas me resta e são teus
Alguns versos que distraído escrevi
Tu que em ternura transformaste
A ansiedade das noites de solidão
Tu que tantos fados acompanhaste
Soubeste despertar doce paixão
E depois se em silêncio te retiraste
Foi por teres escutado o coração
Carlos Tronco
Fui falar de ti às árvores
Mondeville
10/04/05
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Ardeu a esperança
Ardeu a esperança
A viola maltratada
Pelos dedos violada
Perdeu-se pela cidade
Tomou por amante o fado
Sem qualquer outro cuidado
Passou a chorar saudade
Não sei bem se recordava
A música ou a palavra
Se o seu amor, derradeiro
Acompanhou os fadistas
De alma e os bairristas
Em um fado sorrateiro
Nas vielas da Alfama
Com o tempo ganhou fama
Diziam já nas esquinas
Instrumento do demónio
Desvirtua o matrimónio
E dá asas as meninas
A viola de madeira
Fora sempre a mais solteira
Pregaram-lhe um dia fogo
E o negro da solidão
Invadiu a multidão
Perdeu-se a alma do povo.
CT
Mondeville
23/11/08
domingo, 28 de dezembro de 2008
Se algum dia for necessário
O pensamento sim, contêm a fé
do descrente, do perdido,
do vadio
corre pelo mundo fora, a maré
vai e vem
preso a esta vida
por um fio.
Um dia o fio rompe,
a liberdade
torna-se possível,
há que conquistar
pena é que, a mais simples verdade,
esse é o momento
desta pobre vida deixar;
Alguém pensou:
se um fio rompe, vamos conceber
em vez de um fio, uma corda, uma rede
mas,
em vão.
Um Deus lá em cima esta a ver
e o fio, a corda corta, sem dó da própria mão;
Fio cortado
só podemos cair.
As labaredas do inferno já esperam.
Haverá alguma fada
pronta a ir
queimar os braços para da morte nos salvar?
...é esse o sonho que nos mantém em vida
acreditar que alguém um dia nos há-de resgatar.
Condenados pela sina à partida
morrer beijando os seios da fada ao luar.
Carlos Tronco
Mondeville
28/06/06
do descrente, do perdido,
do vadio
corre pelo mundo fora, a maré
vai e vem
preso a esta vida
por um fio.
Um dia o fio rompe,
a liberdade
torna-se possível,
há que conquistar
pena é que, a mais simples verdade,
esse é o momento
desta pobre vida deixar;
Alguém pensou:
se um fio rompe, vamos conceber
em vez de um fio, uma corda, uma rede
mas,
em vão.
Um Deus lá em cima esta a ver
e o fio, a corda corta, sem dó da própria mão;
Fio cortado
só podemos cair.
As labaredas do inferno já esperam.
Haverá alguma fada
pronta a ir
queimar os braços para da morte nos salvar?
...é esse o sonho que nos mantém em vida
acreditar que alguém um dia nos há-de resgatar.
Condenados pela sina à partida
morrer beijando os seios da fada ao luar.
Carlos Tronco
Mondeville
28/06/06
sábado, 27 de dezembro de 2008
SEIVA
Os ramos estão feridos
São terríveis as dores de um vegetal
Terríveis porque não se exprimem
Nem em gritos
Nem em choros
Não há pior condenação do que a pena
De silêncio
Então
Que significado pode ter a liberdade?
Para uma árvore
Um tronco
Que só no momento do sacrifício final
Quando serrado
Transformado em pranchas
Só depois de morto
E de madeira seca
Feita barco, navio
É que
Já sem folhas
Sem flores
Deitado ao mar
Pode
E só quando Deus quer
Sonhar
Alcançar a liberdade
E procurar o caminho
Do alto
carlos Tronco
Vou falar de ti as árvores
Rieux Minervois
25/07/07
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO
PARIS 1955
Werner Alfred Rosenberg dit Vero
Sim
Confesso, tenho medo
Medo, da estupidez humana
Confesso, e peço o perdão das minhas culpas
Perdão pela cobardia
Quando morre um inocente
Quando uma mulher é batida, violada
Quando uma criança sofre na sua carne e no seu Espírito
Quando
Eu
Ser inteligente, ou pretendido ser
Olho divertido
Um jogo de futebol
A invasão do Iraq
A construção do muro da vergonha
Perdão pelo silêncio
Quando devia gritar
Perdão pelo apoio
Quando devia calar
Como o ser humano é um ser minúsculo
feliz natal Santo Comércio
Carlos Tronco
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Quando nasce o sol, perde o branco a lua
A lua já sonha
o sol adormece
de face risonha
um sonho, uma prece
Talvez, na escuridão
perdida nas trevas
me concedas o perdão
o perdão que agora negas
Dorme um sono descansado
sol, tu o pão da nossa vida
pois amanhã acordado
nova luz esta garantida:
Quando nasce o sol
perde o branco a lua
de branco só tem
o que o sol lhe dá
Quando nasce o sol
seja minha ou tua
a lua também
anda ao Deus dará
Quando nasce o sol
o sol desgraçado
que contigo levas
o sonho sonhado
Quando nasce o dia
tu que até aqueces
madrugada fria
a noite esqueces
é de novo luz
é de novo luta
a ti me conduz
a sina bendita
Carlos Tronco "Carpinteiro"
Mondeville
29/03/06
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Quando sopram ventos brilham velas
E frente à tempestade
Frente ao crime
Imposto pelos céus
Sem caridade
Que o coração sente a verdade
Que leva peito nu até vencê-los
Claro,
Cabelo desguedelhado
Pelo vento
Um olhar azul de aço
Assassino
Espada em punho
Avança fende a noite
Guiado
No seu passo
No seu fado
Pela chamada
Do além
Por trás das velas
Vão sulcando o bravo mar as caravelas
O instinto do amor
Não se contém
Carlos Tronco
Mondeville
10/03/05
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
A moedinha mulata
No silencio das palavras
busco almas, busco nadas
ternura e compaixão
encontro no meu caminho
loucura, sopro, carinho
calor, para meu coração.
Numa pedra da calçada
daquelas pedras, pisada
pelo tempo e a paixão
vi a minha própria lua
estrada minha e tão tua
brilhava no próprio chão
Pensei então, isto é fado
é um volver ao passado
é da vida a saudade
que nos ensina o caminho
para sair do sozinho
e descobrir a verdade
São palavras ternurentas
mesmo sopinha de letras
na boca da minha mão
que atiro ao vento vadio
ele compõe e com brio
a simples palavra "Tostão"
Não é moedinha de prata
é pequenina é "mulata"
por tanto ao sol andar
no meu bolso, anda um cobre
que a minha alma sobe
quando me ponho a sonhar
Carlos Tronco
Mondeville
22/03/05
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
A vida
Simples decorrer dos dias
Noites longas
Manhãs frias
Pores de sol
Amores vadios
Ver água a correr nos rios
Nos rios até ao mar
Um passarinho a voar
É receber, saber dar
Um segredo que confio
Companhia animal
Um sorriso de criança
O tinto que faz tão mal
É viver sem ter juízo
A sonhar com paraíso
Morrer sem desesperar
A vida é como um guiso
Ao mexer
Põe-se a tocar
Carlos Tronco "Carpinteiro"
Mondeville
07/04/05
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Acreditai em impossíveis sonhos
A poesia serve para acreditar
Em impossíveis sonhos
Os sonhos servem, para diminuir as distâncias
As distâncias para acalmar as dores
As dores para apaziguar as almas
Mas as almas para o que servem?
Para aquecer os infernos?
Para sonhar nos invernos?
Ou apenas perdoar
Ao Criador omnipotente
De ter criado a gente
E não deixar abraçar
Abraçar sonhos sem medos
Encontrar mesmo em penedos
Formas de gente
Perdida
Entre as pedras desta vida
Entre as colunas do templo
Que ruiu sendo um exemplo
Para quem
Não acreditar
Carlos Tronco “Carpinteiro”
Mondeville
21/03/05
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Caminho do Norte
Procuro o caminho da luz e só tenho
por guia um sorriso, uma mão aberta
coração feliz, no peito desperta
é possível sim; ternura desenho
é projecto , é arte e no papel já ver
o futuro raiar, como sol tropical
esquecer inverno, triste e glacial
para amar sorrindo, é preciso crer
estende os teus braços
e os meus apertados
em longínquos laços
aceita ternura
feitiço e encanto
e também loucura
CT
Mondeville
08/03/05
por guia um sorriso, uma mão aberta
coração feliz, no peito desperta
é possível sim; ternura desenho
é projecto , é arte e no papel já ver
o futuro raiar, como sol tropical
esquecer inverno, triste e glacial
para amar sorrindo, é preciso crer
estende os teus braços
e os meus apertados
em longínquos laços
aceita ternura
feitiço e encanto
e também loucura
CT
Mondeville
08/03/05
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Presente
Era apenas uma flor de jardim
Daquelas matizadas que já viste
Que uma flor te magoe, fico triste
Terei de guardar o ramo para mim
Ficarei ali, assim de pé
Com o ramo de flores cortadas, na mão
Tal um espantalho já sem fé
A ver cair as pétalas, no chão
Pode chover e até nevar
Impávido, eu ali fico
Sobre o ramo já murcho, a chorar
Pode ser que amanhã quando voltar
Com um ramo novo na mão
Amanhã venhas a aceitar
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Areias vadias
Castelos de areia, são frágeis e belos
Obras de criança, da alma espelhos
Reflectem inocência, também credulidade
São feitos bonitos, com suavidade
Até acredito, que não vou perdê-los
Castelos dourados, vamos construi-los
Um balde, ao contrário, que serve de molde
Redondo é de certo, esguio só pode
Perfeita uma torre, moldar no seu meio
Uma torre alta, que a viver já sente
Castelo maciço, que protege a gente
E à janela uma fada, e o seu farto seio
Sonhos de criança, conquistar as torres
E do coração, abrandar as dores
Areia molhada, é de felicidade
Deixa-te amar, não tenhas vaidade
Cavaleiro andante; linda “Dulcineia”
Dá-me a tua mão, que bom é eu tê-la
Carlos Tronco “Carpinteiro”
Mondeville
17-03-2005
domingo, 7 de dezembro de 2008
O que pode a ternura
No silêncio dos teus braços
No macio dos teus passos
No calor da tu voz
Encontro carinho, ternura
Eu que ando a procura
De um laço liso e sem nós
Um laço verde de esperança
Um laço de confiança
Que funde em um só dois seres
De seda, de linho fino
Oh laço sê o caminho
Em que avanças sem perderes
Confiança em uma estrela
No negro céu a mais bela
Que faz esquecer o luar
Uma estrela de veludo
Que deixa o meu peito mudo
Quando a consegue apanhar
Toca os cabelos sedosos
De caracóis tão vaidosos
Toca a alma com os dedos
Ofereces-me o teu pescoço
Eu que era um destroço
Sou agora, Deus sem medos
CT
Mondeville
07/03/05
sábado, 6 de dezembro de 2008
O destino dos meus passos
As saudades são bonitas
São como rendas, são fitas
Que prendem o teu cabelo
São o fio que eu sigo
Os meus sonhos, nossas mágoas
As saudades são palavras
Que escreves meu abrigo
Quando em noites, noites frias
Vem bater, melancolia
A porta do meu casebre
Nos teus cabelos me escondo
Escudo que me protege
A tristeza, não consegue
Nem fazendo muito estrondo
Quebrar a minha esperança
De voltar o teu carinho
Teu sorriso, o teu ninho
Aviva apenas lembrança
Os teus passos, meu destino
Onde conduz o caminho
A vida é uma dança.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Não serei o teu sonho, talvez possa ser o teu amparo
A minha pele agora é de cabedal
Daquelas que se curam, de animal
Talvez para sapatos se aproveite
Outrora foi macia como leite
E agora já nem untada com azeite
É pele que alguém queira tocar
Deixa que os meus lábios
Provem os teus seios
Deixa vaguear
No teu corpo bela
Quero-me sentir
Como a navegar
Recebe o meu carinho
Que corre, que grita
Sobre o corpo teu
E a mão que sentes
Tocar os mamilos
Foi Deus que ma deu
Deixa-me sonhar
Deixa os lábios teus
Meu corpo beijar
A distância é muita
Essa foi a finta
Do Pai ao deixar
Música e palavras
Versos, foi assim
Não é bem perfeito
Sempre é um peito
Se gostas de mim
Onde te encostar
23/04/06
Carlos simplesmente
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
O pomar dos meus sonhos
As macieiras florescem na primavera
E maduros estão os frutos no estio
Cores, do amarelo, ao vermelho cor da terra
Flores pequeninas, que fazem esquecer o frio
Serão, como dizem, o fruto do pecado?
Que um dia neste mundo tudo mudou
Quando Eva ofereceu ao namorado
O fruto íntimo que Adão, então provou
Talvez de "Branca de neve", maçã seja
Envenenada por ciumenta madrasta
Talvez nem maçã de contos, nem de igreja
Mas certamente, o fruto simples de um pomar
Cuja beleza eu comparo a ti oh fada
é nos teus braços que eu me deixo encantar
Carlos Tronco “Carpinteiro”
Mondeville
24/03/05
Contrato de primeiro emprego
Tenho filhos de que não sou pai
filhos que são espirituais
discípulos que seguem o pensar
são jovens, são catedrais
a quem ensinei nada mais
que o dia-a-dia é lutar
a vida são só dois dias
dois dias e muitos ais
não vale a pena chorar
punho erguido, “bora”, em frente
pois se quereis ser gente
têm que vos respeitar
CT
Mondeville
22/03/06
filhos que são espirituais
discípulos que seguem o pensar
são jovens, são catedrais
a quem ensinei nada mais
que o dia-a-dia é lutar
a vida são só dois dias
dois dias e muitos ais
não vale a pena chorar
punho erguido, “bora”, em frente
pois se quereis ser gente
têm que vos respeitar
CT
Mondeville
22/03/06
Querida verdade
Suavemente vou passando
os meus olhos
pela saudade que o tempo
vai criando.
De vez em quando
correm lágrimas de ansiedade:
é o nosso mar a brindar
que nos inunda,
é o salgado sabor da vida,
é o instante
que nos faz sentir
da distância
a verdade.
os meus olhos
pela saudade que o tempo
vai criando.
De vez em quando
correm lágrimas de ansiedade:
é o nosso mar a brindar
que nos inunda,
é o salgado sabor da vida,
é o instante
que nos faz sentir
da distância
a verdade.
Subscrever:
Mensagens (Atom)