sábado, 26 de janeiro de 2013




Razão ou sentimento?

Sempre te disse que não fosses,
Que ficasses
E não ouviste.
Calei-me.
O tempo passou.
Agora 
Subsiste 
O silêncio
E somos apenas dois.

Carlos Tronco
Granville
08/01/13

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013



Adeus disse

Chegamos a um cruzamento
Nos caminhos da vida
E temos de decidir
Quais pegadas apagar
Para que possamos continuar juntos.
Não te menti até aqui.
Se não te contei tudo,
Foi para não mentir.
O homem tem tendência a enaltecer
O que viveu.
Por isso não disse tudo
E talvez, até tenha esquecido 
O que não foi dito.
Assim pensava,
Caminhando só
E sonhando
No que te pudera dizer
Se te tivesse encontrado,
Enquanto era vivo.

Carlos Tronco
Granville
08/01/13


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013




Conselho de um pastor ao seu rebanho

Cordeiro - disse um dia o pastor - segues-me 
Aonde eu for
E se cair na marmita
Faz-me um grande favor
Deixa de ser ruminante
Caldeirada é coisa boa
Para o gado e a pessoa
Só assim compreenderas
As tretas meu bom rapaz
E tudo o que anda por trás.

Carlos Tronco
Granville
08/01/13

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013





Dança?

Um pé que quer
Avançar.
O outro,
Quer recordar
E nesta teimosia sapateada
Nasce a dança do futuro.

As solas, para fazer rir,
Mostram por baixo
Um furo:
É por ali que se escapa
A vontade desenfreada
De dançar
Com o marido ou o vizinho
Um vira ou corridinho.


Carlos Tronco
Grainville
08/01/13

sábado, 19 de janeiro de 2013



Coroas prateadas

Que cor dar ao tempo
Que passa e não cansa?
É cinzento,
Ou prateado?
Negro ou desguedelhado?

Caracóis feitos de letras
De rimas, entrelaçados
Nos versos suspensos ao tempo
Uns caracóis entornados

Cabelos lisos de tanto crescer
Em volta da esperança
De nunca branquear.

Carlos Tronco
Granville
08/01/13

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013





Bodas em tempos

Namoro
Feliz e belo
Mas
Haveis de reparar
Enquanto a noiva dançava
O tempo passava
O tempo passava.

Carlos Tronco
Granville
08/01/13

terça-feira, 15 de janeiro de 2013




Batukes

O compasso
Marcava a distância
Entre o círculo da dança
E a impossibilidade de te amar
Pois
As notas de música
Deviam ser quase mudas
Para poder rodopiar
Entre a seda do teu vestido
E o negro da minha pele

Carlos Tronco
Granville
08/01/13

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013




A culpa

A culpa não é minha
O campo ardia
E a chama tinha
Algo
Comparado à poesia

Deixei-me consumir
Até na aguardente me deitei
A culpa não é minha
Nem sequer do rei
Que mataram
Assim 
Já não come
A culpa não é minha
Mas em cada arvore que queimais
Algo na minha alma
Adormece
Como um jardim de cravos
Onde agora
Só florescem calhaus

Carlos Tronco
Granville
7/01/13

sábado, 12 de janeiro de 2013



-Quem manda?
-Deus!
-Bebe?
-Não.
---é porque não trabalha.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Tantas janelas
abertas
e eu cego

não posso olhar

-Porque não saltas?

-Não quero aprendera voar!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

domingo, 6 de janeiro de 2013



Fogos de palha
vermelho canalha
negro o teu amor

as achas de lenha
que dão tanta pena
entretêm a dor

fogos de palha
intensos mas breves
a mim não me calha

o meu coração
vai perdendo a mão
e tu não percebes

Carlos Tronco

sábado, 5 de janeiro de 2013


Músicas actuais

Mas
Será que a música é temporal
Ou que o tempo depende
De época
Se com o tempo a musica
Acelera
Até que
Considere a música
Como passatempo
Paremos!
Na pauta
As notas perdem o equilíbrio
Lá em cima
As mais agudas
Caem primeiro
E torna-se grave
Este campo
De ruínas musical
Onde o silêncio
Lembra que
Para tocar
Não se pode ter dó

Carlos Tronco
Evrecy
03/12/12

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


Porquê?

Porquê
Uma maçã
É pecado
Quando pêra
Apenas fruto?
Porque tão
Estranho recado?
É de perder o juízo
Pergunto,
Porque não sei
O porquê do paraíso
Má costela, a de Adão
Má acção a gulodice
A história não vale tostão
Vale menos
Tudo o que eu disse
Eva comeu a maçã
Adão ele,
Ficou com fome
E assim até fé some
Somos todos pecadores
Vivam pois os meus amores,
Mas porquê,
A tal maçã?

Carlos Tronco

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


Onde estas peito que dói?

Dói-me o ar que me arde o peito,
ar, onde voam andorinhas,
que vão, e voltam de longe,
que trazem saudades minhas,
dói-me o peito, dói-me a vida
dói-me o ar que respirar
e tu a rires rapariga,
puderas te apaixonar,
não sei se dói, se eu sonho,
também não, se é ar ou céu,
dói-me já tanto voar,
já nem sei se o peito é meu

carlos tronco
03/01/13
Aqui
-Vamos!
Tínhamos chegado junto ao mar havia muitas luas. 
Ao contrario do que tinha prometido o oráculo, o mar não se tinha afastado e ali tínhamos esperado.
Nos albornozes, já quase não havia letras, que queimar.
Tinhas-me perguntado:
-Porquê? Deus não existe?
-Deus não sei, mas as estrelas são reais. Vê como brilham nas tuas lágrimas. Se o mar não se aparta, há que vencer o mar! Dizem, que do outro lado do mundo, um povo construía pontes. Restam ainda, algumas letras...
-Façamos frases, digamos versos...e rápido alcançaremos o além, o outro lado do longe.
-Mas pontes com letras de amor...?
-Sim, quando o verso é belo, tudo é possível.
-Mas querido, a lua, as tempestades...
-Sim, talvez seja necessário reconstrui-las...
-Lembra-te de Babel!
-Sim, mas não se entendiam!
-Então?
-Façamos, depois veremos...
-Eu ainda tenho um P.
-Eu um B!
-Meu Deus...!
-Eu tenho um O.
-Vamos!
-Sim Amor.

Carlos Tronco
Quando se acrescenta à letra cor
Evrecy
26/11/12

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


Swing

Ligeiro
Como uma nota de música
Que apenas se escapa
e logo explode
Tal uma bolinha de sabão
Como se necessário fosse
Morrer primeiro
Para se tornar eterno
Num derradeiro swing.
Música maestro!

Carlos Tronco
Evrecy
29/11/12

terça-feira, 1 de janeiro de 2013


Diz-me

Cigana diz-me
Que sina,
Me consome,
Que paixão
Me há-de levar pela mão,
Diz-me cigana
Não mintas,
Sou tábua
Hei-de ir ao mar,
As ondas altas que sintas,
Diz-me onde
Me hão-de levar.

Carlos Tronco
Evrecy
26/11/12