Acrescentar à letra cor, partilhar da alma o etéreo, mostrar da mão os calos, caminhar, ao lado, em silêncio.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Uma flor na areia
Imagina uma praia,
de areia muito branca,
de mar muito quente,
ao longe tu caminhas levemente,
quando do outro lado do longe,
docemente
caminho eu .
Será que me reconhecerias
assim distante
entre mar e dunas
entre sal e azul?
Será que correrias,
braços abertos ao vulto
que do outro lado da esperança
correria ao teu encontro?
E depois,
ali abraçados e felizes
apenas felizes de poder-mos saborear o instante
em que um grão de areia descobre
um amor-perfeito
perdido na imensa praia da vida.
Carlos Tronco
Mondeville
30/10/06
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Aceitação
Estendo os braços
Que já tantas esperanças
Traíram
E os dedos descarnados
Trémulos
Procuram
Na negra cegueira da noite
A tua imagem
A tua sede
As tuas vontades
As tuas incertezas
Procuro-te
Em um céu estrelado
De tanto sombrio
Procuro a luz
Que guie os meus hesitantes passos
Procuro o Olimpo
Deusa morena
Do sul
Procuro os teus seios
Procuro o alimento, a vida
Procuro o amor nesta noite interminável e glacial
Onde nem a música
Das trevas
Interrompe a solidão de um sonho
E tu mulher
Que miúda já não quer ser
Será que me aceitas com todos os meus defeitos
Os meus medos
As minhas hesitações
O meu feitio colérico?
Aceitas a minha ternura sem jeito de ser?
Carlos Tronco
Mondeville
25/10/06
sábado, 26 de setembro de 2009
Quando
Quando beijo o teu ombro procuro
O arrepio, de um coração ofegante
E sinto aquele poder do gigante
Cujo olhar derruba até um muro
A parede é quem separa os seres
E o meu beijo pretende dar alento
Continuo mais abaixo se quiseres
Beijos doces e leves como o vento
Quando chegar ao monte tão sagrado
Em que Vénus ganhou fama no amor
Quero que aceites o meu beijo com agrado
E que tal a loba que em Roma então deixou
Romus e Rómulos matar a sede
Compreendas que este homem te amou
Carlos Tronco
Mondeville
25/10/06
O arrepio, de um coração ofegante
E sinto aquele poder do gigante
Cujo olhar derruba até um muro
A parede é quem separa os seres
E o meu beijo pretende dar alento
Continuo mais abaixo se quiseres
Beijos doces e leves como o vento
Quando chegar ao monte tão sagrado
Em que Vénus ganhou fama no amor
Quero que aceites o meu beijo com agrado
E que tal a loba que em Roma então deixou
Romus e Rómulos matar a sede
Compreendas que este homem te amou
Carlos Tronco
Mondeville
25/10/06
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Promessas
Dizia que apanhava os cabelos
porque a tua cabeleira
me dá vontade de acariciar,
sentir a textura, o perfume; compreendes?
Até esconder a minha face,
quando triste, quando dorido
para que não vejas a minha cara
para que não oiças as minhas lágrimas.
Para que possas continuar a amar-me,
que palavras poderia eu dizer?
Para que o milagre
da aceitação aconteça?
As minhas mãos tremem,
porque não conheço certezas
a minha voz treme,
porque apenas procuro.
O meu coração bate,
porque agora espero,
as minhas mãos pedem
porque o teu peito é doce
Para escrever, preciso de viver o momento
as letras vão caindo dos dedos
e as quedas vão formando palavras
e as palavras, vão gritando clamores.
Os clamores vão
chamando amores
e os amores vão
embalando as almas.
Carlos Tronco
Mondeville
25/10/06
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Êxtase solitário
Êxtase solitário
Se é possível no deserto, pensar haver encontrado
A sensação divina de partilhar com um Deus
Pedir que o pecado seja perdoado
Em um instante de êxtase contemplando os céus
O deserto por vezes, não é de areia feito
E a sede sentida, não se afoga em nascente
Por vezes apenas sede, de alma e de peito
A solidão maior deserto, que encontra a gente
A mão febril, passeia docemente
A sensação de até um miragem, poder tocar
Vagueia descansada, entre o seio e o o ventre
A sede do deserto água pode acalmar
A solidão consentida, se transforma em leite
Êxtase solitário, também é amar.
Carlos Tronco
Mondeville
24/10/06
sábado, 19 de setembro de 2009
Ergue-te
Não eram palavras
nem apenas letras
muito menos sonhos
nem brisa
nem vento
sequer juramento
ou soma de nadas
era como um punho
fechado
com vida
promessa
sagrada
um sopro
à partida
o tempo que passa
e tudo transforma
uma vez em nada
outra vez adorna
a ideia levava
mais longe, mais alto
tal o sol da aurora
fica a esperança
e a dor e a lágrima
que na face dança
há-de ser a água
para flor regar
em dia em que azul
possa eu beijar
Carlos Tronco
Mondeville
12/10/06
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Escuta
Escuta
Não os sinos da catedral
Que anunciam a morte
Nem aqueles da capela
Que prometem afugentar o trovão
Escuta
Escuta as badaladas
De um coração que é teu
E que só pode entender
Quem te ama
Escuta
Escuta os seus desejos
E segue o compasso
Dos teus ventrículos
Para realiza-los
No coração és tu quem mandas
Escuta o teu coração
E deixa-te enternecer
Pela beleza
Das cores
Pelo perfume da vontade
Pelo macio da saudade
Escuta simplesmente
E age tendo reflectido
Escuta o teu coração
E deixa livres os campanários
Para que as cegonhas
Possam construir os seus ninhos.
Carlos Tronco
Mondeville
05/09/08
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Vês?
Vês a tua mão
Que tão ternamente
Segura a minha?
O que vês são fios
E um deles uma linha
Um fio entre o parto e a morte
Uns chamam-lhe linha da sorte
Outros a linha da vida
Onde a passo perco o equilíbrio
E temo, também confesso
Perder o sentido e o resto
Não te rias linda magana
Eu sei, a minha mão
Há muito já a mediste
Com teu olhar de cigana
Carlos Tronco
Mondeville
14/03/07
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Eu não sabia
Eu não sabia
Eu não sabia escrever
Tu mostraste-me o papel
E a tinta tornou-se palavras
Eu não sabia escrever
Tu ensinaste-me que uma pena
Outrora fora asas
Eu não sabia escrever
Tu explicaste-me que como a pena
Deixa o traço da sua alma
No branco virginal do frágil papel,
Também as asas quando divinos lábios
Lhe haviam soprado a brisa do ser
Para que aprendessem a voar,
Haviam deixado no mais profundo
Azul dos céus, o traço das suas penas
Eu não sabia escrever
E tu ensinaste-me a escutar
Eu não sabia escrever
E tu pegaste na minha mão trémula
Para que juntos, descobrisse
Os arabescos subtis do teu corpo
Eu não sabia escrever
Mas contigo nasceu algo poético
Eu não sabia escrever
E contigo aprendi a soletrar
a palavra Mulher
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Penas e tinteiros de alguém
Viver de penas que escrevem
e não de setas
Penas e apenas
penas das suas próprias
mágoas
Ser barda, poeta
de primeiras águas
E não contentar-se
de tinta que não presta
Respeitar ainda
quem verdade clama
E não, tentar achincalhar
Uns cantam por versos ter
até na alma
Outros, por não terem, querem
apenas fama e
Os versos se contentam de copiar
Carlos Tronco
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
O milagre dos lábios
domingo, 6 de setembro de 2009
Garrafa ao mar...
Quando emoção forte
profundamente toca
e como um terno olhar
acaricia o pensamento
então o meu olhar,
em estrelinhas foca
estrelas celestes
cortando o meu alento.
E não é que então,
quando menos espero
aparece um “fantasminha”
que me faz sorrir
recordo o terno tempo
era primavera...
pão não é só água,
mas também farinha.
Hoje és tu garrafa
que me fazes rir
dizes ser de além
mais longe que o mar
feita de maçãs,
e peras também!
A sede às almas
sabes tu tirar.
Carlos Tronco
Mondeville
13/09/06
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
IMAGINAI
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Apenas para adornar o mundo
Era apenas um penedo
de formas arredondadas
pela chuva
pelo vento
pela sorte.
Por vezes metia medo,
mas atento
oferecia
nas suas rudes formas
que o tempo,
com pequenos toques,
muitas carícias,
e algumas tempestades
havia retratado,
tal a sua própria imagem,
a sua sorte.
Ali só
e face à morte
que a todos espera,
testemunhava:
rochedo não queria guerra
mas apenas que o tempo,
lhe concedesse
na sua espera
que se transformasse,
um dia,
talvez o da ressurreição,
em uma flor,
desabrochando
da mão da mãe terra,
para adornar o mundo.
Carlos Tronco
Mondeville
27/08/06
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ceras também são vela
Sinto no oco das mãos
o vazio do mundo
em que respiro.
Nadas
e ainda menos
linhas
de vida,
sonhadas,
mais que verdadeiros amores.
Imagino sim,
que no vazio tudo cabe,
mesmo Vénus,
a estranha companheira
das frias
madrugadas.
A estrela do Pastor.
Doces pensares.
Será caso para abraçar,
as palmas das minhas mãos,
e depois erguê-las ao céu,
para que o milagre se concretize?
Acendo uma vela
e no vazio,
deixo que a vela arda.
Quem sabe!
Tudo pode acontecer...
A cera corre
e no queimar da pele,
das mãos que a recebem com carinho
lembra,
que o vazio também dói.
Carlos Tronco
Mondeville
25/05/06
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Trasmontana
Saia comprida mas negra
debaixo do avental
Blusa de cores, garrida
manta cinzenta, mortal.
Nos cabelos carrapito
nos olhos, o infinito
nos lábios, o sabor do mal.
O rosto fora bonito
cobre-a um lenço esquisito
Quem é? Que faz afinal?
É norte, são Trás-os-Montes
por vezes perto das fontes
pode-se ver, a fiar...
Leva na mão uma roca
com a outra gira um fuso
a lã é de cordeiro luso;
Em cada pé uma soca
Não tece esperança, mas medos
e a lã que ela fia
é a única alegria
que lhe passa pelos dedos.
À Mãe Lurdes
Às mulheres de Tinhela, concelho de Valpaços
Carlos Tronco
Mondeville
24/08/06
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