segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

e porque esperar que o ano acabe para ser feliz? se vos apetece uma pinga , não espereis as doze badaladas, a não ser que quereis comer uma abóbora. se desejais um beijo, sorri, um abraço, dai-o, e a tradição? que se foda! a verdadeira revolução, esta em partilhar, a chama que há tantos anos levais apagada no fundo do peito com medo de vos queimardes e assim ninguém nunca soube porque ardeis. içai as velas, vento haverá sempre e nem os ruminantes no governo o podem confiscar. gritai se o peito é demasiado pequeno para conter a esperança. cantai se a garganta dói demais para ter paciência. não espereis a nova madrugada. é ao crepúsculo que o sol adormece e a luz da esperança morre. e se eu morrer primeiro, bebei a minha saúde.

domingo, 30 de dezembro de 2012


Carpinteiro

Um lápis pontiagudo
Afiado
Carvão tipo bicudo.
Vadio.
Coçando a folha vazia,
Deixando o traço sebento,
No papel, logo cinzento.
Um lápis de carpinteiro
Um poeta sorrateiro
Desenha com letras, historias
Formas e também tretas
Testemunho
Pedragulho: carvão.
Um lápis,
Que pelo sim pelo não
Deixa perdido em papel
Traços de vida
De fel
E assim vai aprendendo
Quanto na vida é tremendo
Não saber
O que escrever.

Carlos Tronco
Ste Honorine du Fay
01/12/12

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Uma tábua

Ter uma tábua
Já é poder sonhar
Basta deita-la à água
Já se poder navegar
De um lenço faz-se a vela
E em vez de acenar
Deixa-se o vento beija-la
Da tábua faz-se um navio
A vela põe-se a ondular
Vinde ver a barca a vela
Vinde comigo
Acordar.

Carlos Tronco
Caen
26/11/12

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Navio

Onde vais mar de navio
Com velas tão delicadas
Sabes as ondas salgadas
Sabes quanto só e frio
Andar por terras sagradas
Como anda o teu vapor?
Sabes mar quanto é profundo?
Nada aprender neste mundo
Ser barco
E não saber remar.

Carlos Tronco
Carlos
20/12/12

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


Além

Procuro além
Junto ao estreito horizonte
Onde se refugiam os
Meus olhos
Onde a esperança
Quer ser ponte
Entre
O que foi
E o futuro
Entre o vivido
E o sonhado
Ponte
Arco-íris
E de cor
Se cor tem
O crepúsculo
Se cor tem
É já noite
E se o cinzento também é cor
Se a chuva também lava
Se a lágrima também absolve
Se a pobreza se perdoa
Se a incerteza...
Não sei.
A noite ela cai!
O frio tão branco
A corda, nem tanto
Aperta, aperta, aperta
No desespero, na confusão
As pernas tremem
As mãos imploram
A noite cai.
Procuro e não vejo
Procuro e não sinto
E a noite cai.

Carlos Tronco
Caen
20/11/12

domingo, 23 de dezembro de 2012


Pena não voar

-Asas que não sejam penas!
Asas,
Para quê?
Se o infinito acaba
Onde termina a vida.

Carlos Tronco
Caen
20-11-12

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Tinto

Um litro
Entre a esperança e o desespero
Sangue de um Cristo
Ou sangue de nós
Um banco
Onde esperava
Que o pesadelo,
Passasse
Mas, quem gritava?
Dói tanto a voz!

Carlos Tronco
Evrecy
22/11/12

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Prisão

Quando voar se torna grades
Preso, um pássaro, fora do seu ninho
Olhar triste, que verdades
Ver um céu, um sem destino
Preso por algemas não soldadas
Ao tempo, preso à terra, preso ao vento
Contar ao rouxinol palavras dadas
Temer não cantar, mas trair o pensamento.

Carlos Tronco
Evrecy
15/11/12

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Madrugadas de insónia

A noite caía
Húmida, fria
Como cai a noite.
Sombria.
Os teus olhos negros
Que junto à lareira brilhavam,
eram o meu aconchego.
Sonhavam,
Ou melhor,
Permitiam-me
Esperar
Que depois da noite,
Que depois do frio,
O meu olhar,
Te poderia acariciar.
Tchin, tchin...!
Alegria!
Lá fora tocava
Num saxo tenor
Um blues perdido.
-Danças?
Troquemos os passos
Da vida;
O madeiro arde.
A vodca Zubrovska
Corre.
Depois o vidro vazio
Brilha
Tequila também já não há.
Nem cigarros
Nem fumo...
Danças?
E se a noite finda?
E se o amor é pouco?
E se a esperança é apenas sonho?
Lábios colados ao espelho
Digo:
(não digo, grito)
E se não me amas?
E se sou apenas louco?
Quanto mais não ganhar,
Valeu o teu sorriso maroto.
Não é fácil provocar um sorriso
Terno, nos teus lábios, mulher.
Foram tantas
Tantas as que vi chorar.
-Amas-me?
Ao espelho,
De madrugada,
Pergunto:
Quem és?
O lado da luz
Que eu nunca fui?
A minha chama, o meu tormento?
Quem és?
E eu, existo?
O sol já chegou.
A noite já foi.
Tu já nada mais és que saudade.
Eu já não sou mais que amizade.
Quem serias,
Se a noite fosse eterna?
Quem serias se eu conseguisse sonhar?

Carlos Tronco
20/11/12
Evrecy