quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O FADO DA CIGARRA

Ao som das cigarras atravesso
Uma após outra clareira e confesso
Cantam tão bem, oiço guitarras a trinar
Aqui o sol ardente não perdoa
Ando à procura, mas até procuro à toa
De um verso ultimo e que diga sem rimar

Quantas vezes procurei o meu caminho
Quantas vezes fui e vim sempre sozinho
Há quantos anos procuro o teu olhar
Tu oh musa celeste que magoas
Pois da terra não sabes, as pessoas
Procuram sem saber o começar

Musa o teu nome já esqueci?
Mulher, cujo olhar eu nunca vi
Senão húmido de lágrimas a chorar
Tu que muito sabes e adivinhas
Tu que sonhas e voas, andorinhas
Sabes como se conjuga o verbo amar

Eu amei e ainda era nova
Quero amar, amanhã e até a cova
Cada dia cada noite quero dar
Vida e sentir cá no meu ventre
A ternura, de criança adolescente
Sentir todo o carinho e cantar

Cigarra o teu destino era esse
Musa que ao sol asas e vida inteira deste
Aqui na terra vais deixando o teu penar
Quando passava por ali no verão quente
Eras só tu, que me quebrava a corrente
Contigo, feliz, aprendia a caminhar

Rieux Minervois
30/07/04

Sem comentários: