sexta-feira, 20 de março de 2009

Esperar

São sonhos bordados em papel
São dores sentidas à flor da pele
São lágrimas não choradas mas sentidas
Só palavras poderão aliviar
Se alguém a sua voz me emprestar
Eu dou a letra e quem canta dá-lhe vidas

Sonhei vir a dizer algo que sinto
Sonhei e até nem sei se às vezes minto
É difícil separar da realidade
Muitos dirão, que palavras tão banais...
Antes falasse, isso sim, de bacanais
Procuro o sentido da verdade

A presença é por vezes uma dor
Tão frágil como em lençol, um odor
De amores ainda há pouco consumidos
Os lábios queimados pela pele
Tostada, com sabor a doce mel
Dois corpos, em um só ser reunidos

A terra gira, dizem, anda às voltas
As cabeças também e vira as costas
Ao sol, quando é noite e há luar
As cabeças muito pesam nesse instante
Em que o sonho, foge sempre e é mais distante
Mais difícil é o amor de conjugar

Fica aqui, uma mão cheia de palavras
O arado mexeu terra, deixou lavras
As palavras deixo ao vento espalhar
Bem regadas com carinho e ternura
Adubadas de esperança e loucura
A seara com o vento há-de ondular

Carlos Tronco
Cacia
22-08-05

1 comentário:

Anónimo disse...

Sonho ou realidade?
É tão fino o fio que os separam...
E mesmo o amor sendo díficil de conjugar, é bem melhor temos ele por companhia...
Lindo poema.