quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quando cai o céu perde o mar o verde




O horizonte havia desaparecido
e já não era possível distinguir
a linha onde o céu tocava o mar
numa perfeita união de cores
uma não menos
perfeita comunhão de elementos.

Porque já não acreditavam em um Deus
que os havia esquecido
junto ao salgado
agora igrejas e capelas
ofereciam o seu reflexo
não ao infinito
mas sim ao profundo.

Pairavam algumas gaivotas
hesitando entre um ar
que as deixava voar
e um liquido que as alimentava.

De vez em quando
deixavam cair dos bicos vorazes
algum mexilhão
para constatar
o quanto dura é a terra
o quanto a vida é frágil

O barco ia afastando-se de Saint Vaast la Hougue
com o barulho ensurdecedor
dos motores diesel
já cansados
procurava recordar
que só o esquecimento
permite avançar.

O celeste diluíra-se no oceano
e este por sua vez,
procurava
abraçar as estrelas

Carlos Tronco
20/08/06
Ile de Tatihou

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