quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Chamas que ardem de fogo




Entre duas quase paredes de pedra outrora imaculada
Um rectângulo, como boca aberta
Por cima, na parta mais elevada
A cabeça; é sempre cabeça mesmo sem ter o poder de esperta
Erguia-se como um chapéu
Nada mais que uma chaminé
Procurei no bolso uma caixa de fósforos
Depois de lidos, os velhos jornais
Serviriam uma vez mais de arma de fogo
Lenha não faltava
A chama pegou rapidamente
Naquele tempo a estupidez humana
Ainda não era cultivada pela televisão
O encanto, o feitiço vinha daquele rectângulo aceso
Daquelas chamas que
Entre o vermelho alaranjado
E o azul quase celeste
Tanto parecia um instante ameaça infernal como
Pouco depois
Promessa de paraíso
As chamas, alguém já reparou?
Sempre se elevam param o céu...
Passei a noite velando a agonia
Daquele espesso pedaço de ramo
Há muito sem folhas,
Filho sem dúvida de um tronco
Ele mesmo sacrificado naquele altar
Enquanto a noite progredia
E o infernal fogo consumia com as suas vorazes chamas tão inocente criatura
A questão mesmo do essencial tornava-se lancinante:
“O que é a vida afinal?”
Algures, alguém decidira que era noite de natal
No entanto, no aconchego de uma lareira acolhedora
A solidão continuava tão pesada quanto a morte
Quando a ultima brasa se extinguiu
Escrevi já quase sem fé:
Prospero ano novo 2008.

Carlos Tronco
Azé
Centro de França
24/12/2007

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