Se tu me deres, um pouco do teu alento
Um pouco da tua graça
Dás-me pão, dás-me sustento,
E lá vou eu, pobre vento, a correr, até à praça
A dizer, com alegria
A quem passa, vai e vem
Que alguém me deu também
O que deu à Cruz Maria
Quero que saibam,
As barbas servem para isso
Os filhos que penduravam
São mais que fé, são feitiço
Vão crescendo e aprendendo
E quem tão pouco ensinou
Só a voar ajudou
Bater asas sozinho
Depois de árvore plantar
Dos meus filhos - mas não só - criar
Depois de algumas páginas escrever
Chega o momento fatal
Em que acorda o animal
Que nasceu para vencer
Se tu me deres
O sorriso dos teus lábios
Não preciso de mais fados
Nem do amor de outras mulheres.
1 comentário:
Outro belo poema, de uma simplicidade e clareza notáveis. Linguagem depurada, ambiência original com um final certeiro.
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