quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Madrugadas de insónia

A noite caía
Húmida, fria
Como cai a noite.
Sombria.
Os teus olhos negros
Que junto à lareira brilhavam,
eram o meu aconchego.
Sonhavam,
Ou melhor,
Permitiam-me
Esperar
Que depois da noite,
Que depois do frio,
O meu olhar,
Te poderia acariciar.
Tchin, tchin...!
Alegria!
Lá fora tocava
Num saxo tenor
Um blues perdido.
-Danças?
Troquemos os passos
Da vida;
O madeiro arde.
A vodca Zubrovska
Corre.
Depois o vidro vazio
Brilha
Tequila também já não há.
Nem cigarros
Nem fumo...
Danças?
E se a noite finda?
E se o amor é pouco?
E se a esperança é apenas sonho?
Lábios colados ao espelho
Digo:
(não digo, grito)
E se não me amas?
E se sou apenas louco?
Quanto mais não ganhar,
Valeu o teu sorriso maroto.
Não é fácil provocar um sorriso
Terno, nos teus lábios, mulher.
Foram tantas
Tantas as que vi chorar.
-Amas-me?
Ao espelho,
De madrugada,
Pergunto:
Quem és?
O lado da luz
Que eu nunca fui?
A minha chama, o meu tormento?
Quem és?
E eu, existo?
O sol já chegou.
A noite já foi.
Tu já nada mais és que saudade.
Eu já não sou mais que amizade.
Quem serias,
Se a noite fosse eterna?
Quem serias se eu conseguisse sonhar?

Carlos Tronco
20/11/12
Evrecy

Sem comentários: