quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Alentejo




Áridas areias pouco mais acima que terra
Pouco mais adornadas que por vento
Pouco mais acariciadas que por pedras.
Aqui um pinheiro manso já com pinhas
Além um sobreiro sem cortiça
Uma gaivota que voa com preguiça
Descrevendo no azul, vaidosas linhas.
O tempo passava. Nas algibeiras,
Metia as suas mãos ao tempo dadas
Do mistério dos caminhos seguia as beiras.
Um dia, ao caminhar, deu com uma flor
Selvagem. Agreste. Flor de caminho
E o tempo, que corria tão sozinho
Encontrou naquela flor o seu amor.
O tempo sabia que passando
Condenava aquela planta a morrer.
Parou. Suicidou-se e chorando
Permitiu à sua amada de viver.

Carlos Tronco
Melides
Verão 2007

Sem comentários: