Se um dia a saudade for
Varrida pelo tempo como a flor
Aí será o fim da primavera
Hoje rego com carinho as trepadeiras
Que se enrolam com seus braços de solteiras
E têm violetas flores à minha espera.
Equilibrando-se como notas, de música, sobre linhas
De uma pauta antiga, vão sozinhas
Sobem aos céus, de um azul imaginário
A clave de sol ao entardecer
Da vida talvez possa dizer
Se o sonho foi paraíso ou calvário
Se a Cruz da agonia transportastes
Se a coroa de espinhos suportastes
Vós, como o filho de Deus, chamado Cristo
Lembrai-vos que a Cruz também viveu
E nos ramos que, a árvore, por vós deu
Também houve, o sacrifício, de um tronco.